recentemente,

Michael Maia
2 min readMay 16, 2024

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Ando processando muitas informações, parece que a vida resolveu dar um salto de mudanças inesperadas e estou com medo de evitar os futuros cenários que virão. Mas também, eu sou lá um computador para ter que processar tudo de uma vez?

Ainda não sentei e embarquei na jornada de lançamento de primeiro livro, não agradeci direito àqueles que estiveram do meu lado nos tenebrosos meses de escrita, mesmo que eles não sabiam que estava eu ali processo criativo. Criar dói. Queria dizer coisas bonitas como Clarice ou Caio como rasgo meu peito e nasce uma história. Realmente desperta do peito, dos dedos, das conversas sozinho no banho e às vezes até de uma viagem, astrofísica ou não.

Agradeci ao entrar no mar, na manhã do dia de ver Madonna, quis chorar um pouco na hora mas estava em êxtase pensando nos futuros momentos. Agradecer é algo solitário e às vezes me sinto fútil pelo motivo da celebração. Celebrar o quê?

Penso no maio de 2023, terrível mês.
Estava em algum capítulo do livro, escrevia sobre o Antônio e sua raiva pela irmã, e do outro lado eu testava um remédio novo. Uma vez li no livro do Ocean Vuong algo muito certeiro sobre como a indústria farmacêutica ganha dinheiro com a tristeza dos outros. Os fármacos tentavam fazer seu efeito e na minha cabeça tudo era nublado, turvo, nebuloso.

No ouvido MC Tha me fazia lembrar que sou valente como as águas do mar, será que fui? Escrever era difícil pois tudo que eu quis fazer naquela época era desaparecer, e se possível, tomar o alucinógeno que eu mesmo inventei. Queria me despedir.

Outro dia li em um post de uma escritora e me encantei com a frase “para curar de um livro, precisamos escrever outro”. Talvez escrever um livro sobre luto demandou muita energia, muita raiva, pensamentos turvos sobre o universo e finitude. Às vezes batia um medo de escrever sobre morte e uma hora eu mesmo não conseguir finalizar a história, como se ela mandasse eu parar.

Talvez eu preciso parar. De pensar.

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Michael Maia
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Written by Michael Maia

tomo café sem açúcar pra poder comer doce sem culpa.

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