não tenho uma vida corporativa

Michael Maia
1 min readMay 11, 2024

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Encontro com mãe, sempre esbarramos quando estou trabalhando. Reclamo de alguma coisa usual, corriqueiro sempre em nossas conversas. Rimos e depois pensamos nos problemas geracionais.
Será que ela vê meu pai nos 30?
Será que naquela época ele também sentia esse peso nas costas?
É da sua cabeça, deve ser.

Eu não tenho um trabalho corporativo, com amigos (os de verdade) casos da vida de comércio saem de minha boca para amenizar a conversa. Rimos muito. Será que eles realmente sabem como é insuportável viver assim? Bebemos. Dançamos. Volto para casa. Tudo inicia e volta.

Penso nos que virão.
Quem?
O gato.
O gato já está aí.
Verdade, eu quem não estou.

Sugiro uma mudança, quem sabe viajar, quem sabe me apaixonar, viver de amor, esquecer das sextas preso no trabalho até às dez, dos cafés corridos de segunda, quem sabe um café da manhã de domingo acompanhado? Conversar sobre a vida, sobre o show apoteótico da madonna, escutar histórias de quem não conheço, saber quem foi o primeiro romance, essas bobeirinhas. Mas não, tudo se resume em querer fugir. Não quero ninguém compartilhando essa vida que nem eu mesmo consigo me ver mais nela.

Será que tenho vergonha de minha própria vida?
Pode ser raiva.
Raiva de quem?
De mim.
E de mim também.
Talvez um pouco de nós.

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Michael Maia
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Written by Michael Maia

tomo café sem açúcar pra poder comer doce sem culpa.

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