eu não te conheci por acaso
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Transitei perdido por um outono inteiro desde aquela noite que recebi em mensagem sobre o seu sumiço estranho. Aflito eu fiquei pensando em diversas situações inacreditáveis, fui para um canto e liguei para algumas pessoas. Notícia ruim corre como chuva no morro de asfalto, e sai carregando o que tem pela frente.
Momentos ruins, choros, revi amigos de datas longínquas e conheci os seus ali, em sua despedida. Desde então você se tornou um calor no meu coração, ora triste, ora feliz. Escrevi durante algum tempo sobre meus sentimentos confusos sobre sua partida, e até hoje lido com eles. Alguns finalmente pude botar para fora e entender que eram apenas do calor do momento, eu não te odeio nunca, nem mesmo por ter ido assim, tão nova e tão cheia de vida. Não foi sua culpa, nem de ninguém.
É estranho o tal do luto, por um momento você quer que ele passe imediatamente pois teme que a tristeza vire uma melancolia profunda, porém você também sente medo de esquecer a pessoa caso pare de sentir isso. Por um longo tempo eu agarrei na tristeza como um forte para evitar esquecer você e de mim mesmo.
Eu lembro das vezes que chamei você de maluca, das vezes que nos encontramos bêbados em alguma festa, dos áudios combinando um réveillon em sítio, dos vídeos vendendo uniformes, você sendo a melhor mãe do mundo, e muitas coisas. Muitas coisas mesmo. Sempre seu nome surge em alguma conversa, antes meu olho enchia d’água, hoje ele só fecha em um sorriso.
Você foi um furacão bom na minha adolescência, e como é a vida a gente foi tomando rumos diferentes, mas é verdade ainda que você foi uma das melhores pessoas que encontrei. Eu nunca parei de sentir saudade de você, Rafa, e acredito que não só eu, mas um punhado de gente que te ama muito.
Você sabe que no último ano eu desacreditei em muita coisa, mas a única que eu não deixo de ter fé é de que você não apareceu em minha vida por acaso. Te amo, até qualquer dia.