e se eu ficar na média pra sempre
Eu gosto do café não muito quente, mas também não muito frio. Ele morninho é um agrado na manhã. O cheiro quando o ar morno passa pelo meu bigode me lembra de alguns momentos únicos na vida, uma conversa com amigos numa manhã de domingo, uns minutos enrolado com alguém na cama, um café em bares de esquina de São Paulo, etc. Lembrar, tem sido o que me restou nos últimos anos.
Não é muito saudável se apegar a momentos do passado e também pensar nas infinitas possibilidades, ficar preso nos diversos “e se” que aparecem nas terças, quando a noite chega e o curto prazo pro despertador tocar apenas diminui. Bom, eu gosto de café mediano sabe, não precisa ser muito forte, de amargar a boca, mas também não me apareça com café fraco. Se for assim eu prefiro tomar um chá. Mediano. É bem esta a palavra.
Ficar na média é bom. Eu não quero mais ser o melhor em nada, nem melhor funcionário, melhor perfil de rede social, melhor aluno, melhor filho. Eu quero ficar ali na média, sentado, olhando o que aparece ao redor, e que o mundo a minha volta não cause nenhum desconforto emocional. Se ele for ruir, que se destrua sozinho. Eu não vou desmoronar, afinal, eu estou na média. O meio da linha é meio complicado, né? Pra uma pessoa que amava trabalhar, se relacionar e viver momentos pensando no futuro, ficar na média não é muito simples quanto parece. Tem sido uma viagem um pouco perturbadora.
Sinto lá no fundo, um jardim que se perde com o tempo, a terra já seca, os galhos finos e alguns quebradiços com o vento, uma sujeira no chão com pedaços de vasos com algumas raízes que cresceram desordenadamente e algumas folhas secas que já viraram pó. Eu não tenho vontade de ser o melhor profissional da década, afinal eu quero estar na média, no meio da linha. Eu não quero ser o melhor amante de ninguém, afinal eu não lembro nem como é gostar de alguém.
Estar na média é mais que eu quero ultimamente.
Exceto pro meu gato, pra ele eu quero ser o melhor.